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27.11.09

EPISODIO 10 – A UNIÃO FAZ A FORÇA.




Uma panela de pressão pronta para explodir, esse era o cenário em que vivíamos depois da tumultuada etapa do Panamá, cada dupla se achava com sua razão para pensar que as outras mereciam ser ostilizadas. Nós não erámos diferentes, apesar de estarmos focados totalmente na competição, era impossível como seres humanos não guardarmos nenhum sentimento de mágua pelos acontecimentos acumulados desde o ínicio da corrida, mas pelo menos dessa vez, pela primeira vez poderíamos sentir o gostinho de largar em primeiro lugar, com uma grande vantagem, sem pressão.
E foi assim que a etapa começou, deixamos nosso lindo quarto no Hotel Gamboa, nossas mais do que confortáveis camas e no meio da madrugada largamos com destino à Republica Dominicana. O táxi que chamamos na recepção do hotel não demorou para chegar e fizemos uma pequena viagem até o aeroporto internacional da Cidade do Panamá, lá, no aeroporto, vimos nossa vantagem aumentar ainda mais, pois parece que um acidente na estrada interrompeu o tráfego depois que nós passamos e bloqueou a passagem das outras duplas, um pouquinho de sorte também ajuda né, enquanto isso aproveitamos para estender nossas roupas molhadas nas cadeiras do aeroporto, fizemos nosso varal particular no meio do saguão, em uma corrida como essa eram poucos os momentos para cuidar de detalhes como estes.
Logo embarcamos rumo a Santo Domingo, aonde chegando fomos autorizados a iniciar nossa busca pela próxima pista que se encontrava na “Catedral Primada da América”, no caminho de táxi até lá admiramos as belas paisagens da capital dominicana. Encontramos a Catedral cheia de turistas e fiéis, pegamos a pista que nos mandava direto para o estádio de baiseball, mas antes era necessário encontrar os carros nas “redondezas da Igreja”. Os carros estavam estacionados bem ao lado, mas como nós havíamos chegado de táxi e estacionado bem naquele local aonde naquele momento não havia carro algum, percorremos vários quarteirões até voltarmos e finalmente acharmos nosso veículo, mas foi bom, pois nessa procura encontramos vários turistas norte-americanos que nos deram incentivo e torciam muito, poucas vezes na corrida tivemos uma inteiração tão grande com o público. Ah, detalhe, quando entramos no primeiro carro demos de cara com um motorista que nos fez lembrar muito o Javier de Bogotá, não só na aparência, mas também nas atitudes, o cara era muito manézão, pedimos para ele ir rápido para o estádio e nada nem de dar a partida, não tivemos dúvidas, trocamos imediatamente de carro, Javier nunca mais.
Chegamos ao estádio de baiseball e decidimos que Carlinhos faria o Obstáculo, foi bem legal, pois estávamos tranquilos na primeira posição e fizemos tudo com muita calma. Como já havia acontecido no Obstáculo do futebol, os jogadores não aliviaram nem um pouco pra nós, ao contrário usaram toda a força, mas o Carlinhos pegou o jeito do taco e arremessou legal enquanto eu me divertia tirando sarro da cara dele, rss.
Tudo parecia estar indo muito bem, estávamos nos divertindo e tínhamos uma boa vantagem em relação as chilenas, mas tudo isso acabou quando chegamos até a tabacaria, fechada no meio da tarde, em pleno horário comercial, coisas da corrida, mal acreditamos, deveríamos imaginar que com a grande vantagem que tínhamos e com as posições da forma que estavam, logo nos juntariam, mas não esperávamos que fosse tão rapidamente, nos restou ir a um pequeno hotel aonde dormimos por quase quinze horas seguidas.
Na manhã seguinte acordamos bem cedo e voltamos à Tabacaria, na porta já estavam chilenas e argentinos dormindo sobre jornais, sabíamos que nada daquilo fazia sentido, pois no dia anterior observamos bem o interior da tabacaria e vimos uma mesa posicionada com quatro espaços, um para cada dupla.
Durante a espera pela abertura das portas conversamos muito e discutimos estratégias, entre nós e com os venezuelanos, foi um desses momentos que foi mostrado durante o programa, exatamente quando concretizamos nossa Aliança, por nós chamada simbólicamente de “Aliança do Bem”, pois simbolizava naquele momento nosso sentimento em relação a tudo que se passava diante de nossos olhos e infelizmente éramos impotentes para manifestar nossa indignação, por isso nos unimos para juntar nossas forças e nos ajudarmos quando necessário e possível.
Se com alguma dupla das que convivemos mais durante a corrida resolvessemos nos unir, com certeza não seria outra que não a dos venezuelanos David e Daniel, pois além de manifestarem os mesmos sentimentos e opniões em relação a tudo que se passava na corrida, são esportistas como nós, do tipo que prefere perder ao ganhar usando qualquer trapaça, pois conhecem o verdadeiro espírito esportivo, aquele encontrado nos verdadeiros campeões, conversar com os dois era sempre bom, David sempre mostrando uma vontade enorme de ganhar e Daniel sempre usando de sábias palavras, cheias de experiência, aprendemos muito com ele.
Voltando à Tabacaria, acompanhados de David e Daniel, aproveitamos o tempo que nos restava e, já imaginando que a tarefa a ser realizada seria enrolar charutos, tentamos aprender a fazer isso, nosso professor foi um senhor que trabalhava em uma cafeteria próxima, nos ensinou com muito gosto usando toalhas de papel, foi muito interessante, além de nos deixar confiantes.
Finalmente abriram-se as portas da Tabacaria e todos entramos, depois de uma rápida explicação, mãos a obra, fizemos muito bem os charutos, aliás bem até demais, pois enquanto as outras duplas não capricharam tanto e entregaram rapidamente para o juiz, nós fizemos tão bem que o juiz confessou depois para nosso produtor que não nos deixou passar da primeira vez pois um dos charutos, apesar de bom em relação ao das outras duplas, não estava tão perfeito em relação aos nossos outros, mas tudo bem, melhor pecar pelo exageiro do que pela falta, mas dessa vez o excesso de perfeição nos deixou em último lugar.
Saímos da tabacaria correndo e perguntando pelo endereço da próxima pista, o desespero nos fez discutir e falar muitos palavrões até encontrarmos a próxima caixa de pistas e também a caixa do Alto, aonde a foto das chilenas estava colada com as próprias logo ali sentadas ao lado iniciando a contagem dos quinze minutos que deveriam cumprir. Logo encontramos a chave de nosso carro e partimos em direção à rodovia em busca da ponte aonde encontraríamos mais tarde a próxima caixa de pistas.
Na saída da cidade pedimos ajuda a um motoqueiro que nos guiou até a saída para a rodovia, em troca demos um troco pra ele, é bem típico da República Dominicana esse tipo de prestação de serviço, e eles sempre esperam uma recompensa em dólares, mas nossa recompensa não passou de um dólar mesmo, o dinheiro era curto, não dava nem pra pensar em desperdiçar.
Seguimos tranquilos e no rumo correto pela rodovia, mas antes de continuar só uma pergunta: Alguém achou estranho o fato das chilenas terem tomado o Alto e mesmo assim chegarem em primeiro naquela ponte? Se acharam não foi atoa não, a explicação para isso vem de algo, que, como muitas coisas na corrida, não engolimos até hoje, estavamos dirigindo tranquilamente pela rodovia que levava até a ponte Maurício Baez, dentro do limite de velocidade estabelecido de 80 km/h, pois do contrário haveria punição, quando de repente olhamos para trás e visualizamos um dos carros sinalizados com a bandeira do programa, inicialmente até pensamos que se tratava de argentinos ou venezuelanos que poderiam ter se perdido, mas com a aproximação rápida do veículo vimos, para nossa surpresa, que se tratava das chilenas, dirigindo a uma velocidade pelo menos 40 km/h acima do permitido, isso nos causou grande revolta, pois não era a primeira vez que esse tipo de coisa nos prejudicava, ficamos muito nervosos em ver nossa vantagem que ao menos deveria ser de quinze minutos graças ao Alto, diluída pela “esperteza” das chilenas, que recuperaram o tempo perdido no Alto acelerando na estrada.
Diante da situação Carlinhos até pensou em acelerar para alcançá-las, mas fomos desencorajados com a promessa de uma punição para as chilenas. Mesmo nervosos seguimos em busca da ponte, e logo a encontramos, com todas as duplas já por lá procurando a caixa de pistas, porém antes mesmo de descer do carro para procurar, David e Daniel nos alertaram que se tratava de uma outra ponte, não tivemos dúvidas e partimos juntos em busca da outra ponte.
Quando encontramos a outra ponte, todos nós vimos que não se tratava da ponte correta, como haviam informado para os venezuelanos, e voltamos imediatamente para a primeira ponte, aonde descemos e encontramos os argentinos tão perdidos quanto nós, as chilenas já haviam se mandado. Então deixamos os argentinos de lado e partimos para baixo da ponte seguidos por David e Daniel, corremos por baixo de toda a estrutura, foi quando visualizamos a caixa de pistas, corremos até ela, mas antes avisamos David, que estava mais próximo, que havíamos encontrado a caixa, e pedimos que com muita calma e silêncio viesse até nós, tudo isso para não alertar os argentinos que anida procuravam em cima da ponte.
Lemos a pista, que era muito clara ao nos mandar para o Rancho Capote, imediatamente, sempre juntos com os venezuelanos, voltamos à estrada e seguimos por ela pedindo informaçóes, perguntando sobre o Rancho Capote. Os argentinos, como todos viram no programa também perguntaram pelo Rancho Capote, porém, se perderam e nós chegamos antes no lugar.
Ao chegarmos lá, encontramos outra caixa, dessa vez era do Desvio, as chilenas também haviam acabado de chegar, mas escolheram a opção do quebra-cabeça, nós, sempre dando mais importância ao esrpírito aventureiro, partimos para a opção da caverna, coisa que nós nunca vamos nos arrepender, apesar de nos ter custado quem sabe o primeiro lugar, pois foi uma das coisas mais legais que fizemos durante a corrida. O caminho até a caverna foi feito à cavalo, aliás me deram um cavalo que para mim parecia mais um pônei, rss, minhas pernas quase batiam no chão quando eu montei no cavalinho, rs, fora que ele fazia coco toda hora mesmo, rs, mas tudo bem, isso também foi divertido.
A chuva começava quando entramos na caverna após colocarmos o equipamento de proteção, azar o meu que esqueci o passaporte na cueca, até hoje ele ta todo borrado, pois quando iniciamos nossa caminhada pelo interior da caverna, nos molhamos todos, havia muita correnteza e em alguns pontos a profundidade nos deixava somente com a cabeça para fora, por isso andamos todos juntos e de mãos unidas, sem contar os morcegos, tivemos que apagar todas as luzes para não acordá-los, isso só não evitava que nossos pés afundassem no coco deles, que eles chamam de “guano”, mas para mim é bosta de morcego mesmo, coitado do Carlinhos que até pegou bicho-de-pé, mesmo assim foi uma boa aventura.
Caminhamos por um bom tempo dentro da caverna até encontrarmos a pista que nos mandava para o pit-stop, a pegamos e voltamos rapidamente até os cavalos, logo na entrada da caverna os argentinos ainda só iniciavam o Desvio, ah claro que troquei de cavalo no caminho de volta.
Pegamos a estrada de volta a Santo Domingo, em busca da Fortaleza, Daniel foi nosso guia, em momento algum necessitamos fazer perguntas durante o caminho de volta e chegamos à Santo Domingo sem dificuldades, quando deixamos o carro no estacionamento da Fortaleza a primeira coisa que nos passou pela cabeça é de que não poderíamos deixar nossos amigos venezuelanos para trás e sair correndo para o pit-stop depois de tudo que havíamos passado juntos, a solução foi a que todos vocês viram, novamente de mãos dadas saímos todos correndos unidos, como foi toda a etapa, essa atitude partiu de um sentimento dos mais verdadeiros, em meio a uma corrida cheia de falsidades e intrigas, realmente, quando unimos nossas mãos, unimos de verdade, não era só um gesto, mas um sentimento verdadeiro, símbolo de nossa aliança, nada planejado, fruto de uma verdadeira amizade que brotou em tempos difíceis da competição.
Para nós foi muito emocionante chegar ao pit-stop como chegamos, o Harris mal acreditou quando nos viu todos juntos, com certeza foi o segundo lugar mais festejado da corrida.
Mas infelizmente essa etapa não acabava por ai, depois da chegada de todas as duplas muita coisa se passou por ali, brigas, discussões, choradeira e muita coisa além disso que sinceramente nos tirou o prazer de estar ali, porém, no fundo ainda acreditávamos que só com nossas forças ainda chegaríamos lá.

Mas é isso aí galera, continuem nos assistindo e torcendo, desculpem mais uma vez pela demora nos comentários, mas é que tamo na correria por aqui, quase não esta dando pra entrar na net, e com tanta coisa pra escrever demora um pouquinho mesmo.

Aproveitando, eu queria agradecer mais uma vez a todos que deixam os comentários aqui no bog nos incentivando, passando essas mensagens de carinho com a gente, muito legal isso, brigadão mesmo.
OBS: Temos que deixar um abraço muito especial para todo o povo venezuelano que tem demosntrado um carinho muito grande com a gente, prova disso é, além das inúmeras mensagens que recebemos, um amigo de trabalho de David que é caricaturista e também se chama Daniel, fez uma caricatura da nossa chegada na República Dominicana, nós amamos e como forma de agradecimento vamos usar aqui no Blog, então mais uma vez obrigado.

Um grande abraço



Daniel e Carlinhos

Um comentário:

Anônimo disse...

Pessoal, parabéns pela participação no programa! Confesso que cheguei até este blog googlando a respeito das chilenas! Uma é feinha mas a outra é gatinha! heehehe Mas quer dizer que a produção está facilitando a vida delas? Aí é palha... Mas não ganhando os argentinos está tudo bem! :) Abraço.

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