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19.11.09

EPISÓDIO 9 - ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA...


É isso ai pessoal, desculpem a demora pela postagem e pela vitória, rs, mas finalmente podemos escrever um comentário sobre um episódio em que tudo deu certo pra gente, e é claro, vencemos, o que naquele momento foi muito importante para nos dar confiança e saber que apesar de todas as dificuldades que enfrentávamos, contra todas as probabilidades, contra tudo e contra todos, ainda poderíamos nos superar.
Depois de quase sermos eliminados na etapa anterior, a realidade é que agora largaríamos em último lugar, os fatos pareciam conspirar contra nós, todos nos perguntavam se estávamos preparados para uma possível eliminação, mas apesar dos fatos e de todos nos desacreditarem, nós em momento algum tivemos qualquer pensamento de derrota, ao contrário, mesmo sabendo das dificuldades, alguma coisa dentro de nós falava mais alto e dizia que aquele era o nosso dia, isso nos acalmou, nos deixou mais tranquilos do que em qualquer outra etapa e foi assim que chegamos lá.
A etapa começou quando deixamos a fortaleza em Cartagena com destino ao aeropoto, aonde deveríamos tomar um vôo para a Cidade do Panamá, desde aquele momento em que foi autorizada nossa saída, começamos nossa luta contra o relógio, descemos as rampas da fortaleza correndo como loucos, tomamos o primeiro táxi que vimos e tratamos de pedir para o motorista escolher o melhor caminho e ir o mais rápido possível, nossa estratégia inicial foi boa, pois tiramos três minutos da dupla que estava a frente, isso nos estimulou ainda mais.
Já era noite quando chegamos na cidade do Panamá, todos cansados e com os nervos a flor da pele. Dada a saída tomamos um táxi até o Centro de Convenções aonde se encontrava a próxima caixa de pistas, ao chegarmos nos deparamos com um estacionamento escuro com os venezuelanos Daniel e David e nossos compatriotas Anna e Rodrigo procurando pela misteriosa caixa de pistas, logo também começamos a procurar, Carlinhos e eu então resolvemos vasculhar todo estacionamento, mesmo em meio a escuridão e as árvores, Daniel e David fizeram o mesmo, Anna e Rodrigo preferiram voltar ao táxi e procurar outra entrada nas redondezas.
Um fato engraçado aconteceu quando nós encontramos um trailler em meio a escuridão, depois de pensar bastante concluímos que não seria impossível que aquele trailler ali parado poderia ter algo a ver com a corrida, vocês não imaginam como participar de um “The Amazing Race” pode te deixar pirado, você pensa de tudo mesmo, desconfia até da sua sombra, rss. Voltando a história, resolvemos bater na porta do trailler, já era madrugada, depois de bater algumas vezes, as luzes se acenderam e a porta se abriu, um gringo com cara de alemão abriu a porta todo descabelado e com cara de sono, quando abriu a boca falou “What’s happening?”, logo vimos que aquilo nada tinha a ver com a corrida, havíamos simplesmente acordado um turista que acampava por ali, logo o gringo voltou para dentro depois de uma voz feminina o chamar, pedimos desculpas é claro, só espero que não tenhamos atrapalhado nenhuma outra atividade noturna do gringo que não fosse dormir, mas acho que não, pois o trailler não estava balançando e a cara do gringo era de quem já estava no sétimo sono mesmo, rss.
Depois da história do trailler vimos uma movimentação de pessoas no portão lateral do estacionamento, corremos para lá e encontramos umas daquelas famosas plaquinhas informando que os portões só se abririam no outro dia, pelo menos poderíamos dormir.
Fomos para o hotel famintos, por isso mesmo antes de dormir, junto com David e Daniel e Anna e Rodrigo, encontramos um restaurante “self service”, comemos pra caramba, principalmente feijão que já não sentíamos o gosto desde a etapa do Brasil, dormimos satisfeitos aquela noite.
Na manhã seguinte tomamos um táxi de volta ao estacionamente do “Figali Convention Center”, todas as duplas estavam reunidas em frente aos portões, cada um com uma idéia diferente do que faríamos naquele lugar, a inspiração para as idéias vinha dos “Diablos rojos” espalhados pelo interior do estacionamento, já era certo para nós que teríamos que dirigi-los, até discutimos entre nós quem o faria caso se tratasse de um Obstáculo, mas os portões se abriram e todos ficamos decepcionados, era uma simples tarefa de encontrar desenhos nos ônibus.
De qualquer maneira nós encontramos rapidamente o “Diablo rojo” correspondente ao nosso desenho, creio que, se não fomos a primeira dupla a encontrar, fomos no máximo a segunda, porém, nosso condutor ficou moscando e deixou todos os outros “diablos” sairem do estacionamento na frente, ficamos “putos da vida” com aquilo, mas chegamos na praça a tempo de encontrar a todos e pegar a pista que nos indicava o Desvio.
Lemos a pista e decidimos rapidamente pela opção do “pasa cables”, então foi só correr para encontrar um táxi, demorou, mas, após uma disputa com as chilenas, tomamos o táxi e fomos para o Canal do Panamá realizar o Desvio.
Acho que estamos chegando no momento em que todos queriam chegar, a “troca de elogios com os argentinos”, mas antes devemos explicar desde o momento em que entramos no táxi. Acho que muitos não sabem, mas junto com a pista que pegamos naquelas caixinhas, também recebemos o que era chamada “pista adicional”, essa pista adicional continha informações que ao menos tentavam ser precisas de como deveríamos proceder nos próximos momentos, tudo estava lá, desde se poderíamos correr dentro do lugar que entraríamos ou se deveríamos só caminhar, enfim... era nosso “Código Penal”.
A pista adicional do Desvio da Cidade do Panamá foi lida e relida por nós dentro do táxi, por isso sabíamos exatamente como deveríamos agir por lá, sabíamos também que a pista mandava vestir calça cumprida e camisetas de manga longa, assim separamos essas roupas dentro do próprio táxi, para quando chegassemos ao Desvio trocassemos rapidamente. Bem informados entramos no lugar aonde o Desvio seria realizado, entramos correndo e descemos uma grande rampa, no meio da rampa já encontramos Tamara e Matias subindo de volta muito nervosos, com Tamara já gritando algo que não entendemos, depois descubrimos que ela queria que nós também voltassemos e levassemos nossas mochilas para cima, como eles haviam feito, porém, fique claro que eles somente estavam voltando pois, ao contrário de nós, parece que não sabiam que deveriam trocar de roupa e quando chegaram para realizar o Desvio foram informados disso e no momento em que cruzamos com eles na rampa estavam voltando até as mochilas para fazer isso.
Quando percebemos que Tamara gritou para levarmos as mochilas para cima, claro que recorremos de imediato a famosa “pista adicional”, se deixar as mochilas na entrada do prédio fosse obrigatório, ali na pista adicional deveria estar sendo informado isso, a lemos mais uma vez antes de iniciar o Desvio e nada encontramos a respeito, por isso mesmo, iniciamos o Desvio com a consciência limpa de que estávamos agindo de acordo com as regras, pois não seríamos tontos de fazer algo que contra nós possivelmente significaria uma punição ao final da etapa, pois com certeza, ninguém exitaria em punir “los brasileños” qualquer oportunidade para isso com certeza seríamos punidos, pra quem assistiu a etapa fica fácil confirmar o que eu estou dizendo sobre termos conferido a pista adicional antes de iniciar o Desvio, pois quando Tamara voltou nos insultando eu virei para a câmera e disse “a pista não esta falando nada”, o aúdio é claro.
Quanto a discussão com os argentinos, tudo começou pelos motivos já explicados, o resto foi só desespero de uma dupla que estava acostumada a estar na frente e se viu ultrapassada após cometer um erro. Ver o desespero dos argentinos nos deu mais força para terminar o Desvio, quando chegou a hora das tentativas dos argentinos começamos a insultá-los também, o que não é certo, mas foi uma forma de desabafo de quem sempre joga limpo e se viu injustiçado com acusações sem motivo.
O mais importante de tudo isso é que Carlinhos aprendeu muito bem as técnicas de arremeso de cabo e acertou três vezes, nos deixando em primeiro lugar, eu ao contrário quase acertei mesmo a cabeça dos câmeras, rss. Só pra encerrar o assunto, eu sei que pra quem viu o episódio domingo a briga que viram é como se tivesse acabado de acontecer, mas pra gente é só uma coisa de meses atrás, já superada, normal acontecer com pessoas com os nervos a flor da pele como todos estávamos, os argentinos por falta de informação deles achavam que estavam com a razão e por isso gritaram, nós também exercendo a nossa razão gritamos de volta, foi só isso. Claro que não concordamos com a atitude deles, mas a partir do momento que também os ofendemos de volta, também perdemos a cabeça. O que importa pra nós é que deixamos as coisas da corrida de lado e hoje temos amizade com todos.
Bem, saindo do Desvio com a certeza do dever cumprido e de que estávamos entre os primeiros, pois ainda não sabíamos ao certo aonde estavam as chilenas, tomamos nosso táxi até a Estação Ferroviária do Canal do Panamá, lá chegamos sem dificuldade, um pouco anciosos por estarmos tão perto da vitória. Ao chegarmos na estação chega mais um daqueles momentos que deixaram todos nos questionando: “por que não usaram o Retorno contra os argentinos?”, é isso ai,encontramos junto a caixa de pistas, a caixa do Retorno, e a resposta para não o termos utilizado é bem simples, apesar da “raiva” que estávamos sentindo naquele momento contra eles, não poderíamos deixar esse sentimento falar mais alto do que as estratégias que nós havíamos combinado antes mesmo de começar a corrida. Carlinhos e eu havíamos decido que só usaríamos o Retorno caso estívessemos na eminência de sermos eliminados da competição, sendo que nesse caso, usaríamos contra uma dupla que estivesse atrás de nós em uma disputa pela permanência na corrida, como quase fizeram as Casildas contra nós em Cartagena ao tentar usar o Alto.
Contudo, o fator mais decisivo para não o termos utilizado mesmo, para quem não sabe, o Retorno ou o Alto, só podem ser utilizados uma vez durante toda a competição por cada dupla, e não poderíamos “jogar fora” simplesmente por “raiva” um artíficio que nos faria falta na sequência da corrida, pois naquele momento estávamos em primeiro lugar e não precisavamos prejudicar ninguém para manter essa posição, se o fizessemos por sentimentos mesquinhos como fizeram as chilenas contra Anna e Rodrigo, estaríamos indo contra nossos princípios e estratégias. Talvez, depois que soubemos que Anna e Rodrigo foram eliminados justamente por causa do Retorno, pensamos, “poxa deveríamos ter usado para salvá-los”, mas no momento em que encontramos o Retorno, era impossível prever a situação dos que vinham atrás de nós, mesmo porque as duplas não se comunicavam por rádio para Rodrigo ou Anna pedirem socorro dizendo“ou salva a gente ai”. Mas acreditem meus amigos, o único arrependimento quanto ao Retorno talvez seja por Anna e Rodrigo, mas como disse, esse era um fator impossível de prever quando encontramos a caixa do Retorno, já quanto a possibilidade de tirarmos os argentinos, uma dupla forte da corrida, a todo momento tivemos certeza de que caso usassemos o Retorno contra eles no máximo salvaríamos Anna e Rodrigo, pois mesmo os argentinos chegando em último no Panamá, não creio que a etapa seria eliminatória, assim eles continuariam na corrida de todo modo e nós teríamos jogado fora nosso Retorno e de quebra ainda estimularíamos Tamara e Matias a nos prejudicar na próxima etapa.
Mas deixando as conspirações de lado, pegamos a pista e fomos direto para os trilhos da estação ferroviária, lá mais uma caixa de pistas, Obstáculo, então decidimos que Carlinhos deveria fazer para empatar no número de Obstáculos realizados por cada um, naquele momento eu estava com quatro contra três. Carlinhos correu como louco por aqueles trilhos e encontrou a lanterna que funcionava, foi muito emocionante quando ele terminou, pois ali concretizamos nossa vantagem e a primeira colocação.
Deixamos o local do Obstáculo de volta a entrada da estação ferroviária, levados por um veículo da própria empresa que administra o lugar. Na entrada da estação ferroviária vimos vários táxis a nossa espera no estacionamento, todos deixados lá de pré-aviso pela produção, mas nossa sorte e fator decisivo para mantermos o primeiro lugar foi que David e Daniel estavam chegando ao mesmo tempo em que saíamos, e o taxista que os deixou estava manobrando no estacionamento, não tivemos dúvidas, corremos até ele e tomamos o táxi que os venezuelanos haviam usado para chegar lá, evitando usar os táxis deixados no local sob pré-aviso da produção, pois em outras ocasiões quando usamos esses táxis ou carros comuns nessa mesma situação, sempre nos demos mal, com os motoristas se perdendo sem explicação ou andando como tartarugas.
Com um táxi veloz e um motorista gente boa, chegamos até a Marina do maravilhoso Hotel Gamboa, lá procuramos a pista e logo a achamos entre as lanchas que nos levaram até a aldeia indígena Emberá, lá encotramos um clima bem festivo entre os nativos da tribo, muito legal mesmo. Logo começamos a fazer a tarefa, a tatuagem que provocou várias discussões entre nós, mas tudo por um objeto em comum, fazer do melhor jeito pra nos darmos bem no final, na verdade até caprichamos demais, pois para o Cacique tava tudo certo sempre, ele nem olhava direito de tão feliz que estava com toda aquela movimentação na sua aldeia, simpaticão o Cacique, gostei dele, rss.
Terminada a tarefa foi só montar na piroca emberá, pera aí, isso não ficou legal, prefiro chamar de canoa mesmo, rss, e atravessar o rio de volta para o hotel Gamboa. Chegando na margem corremos novamente feito doídos no meio daquela mata, deixamos pra trás, câmera, produtor e qualquer um que estivesse atrás de nós, era muita vontade contida de pisar naquele tapete em primeiro lugar, quando vimos Harris nos esperando a emoção aumentou, foi tudo perfeito, o Hotel, a natureza do lugar e nós chegando em primeiro lugar em meio a tudo isso e a uma etapa em que pela primeira vez nada pode nos atrapalhar.
É isso aí, continuem nos acompanhando aqui no Blog e também os próximos episódios do Amazing que estarão emocionantes.
Ah, é difícil agradecer individualmente cada pessoa que nos manda mensagens aqui no Blog, por isso um muito obrigado a todos mesmo, com certeza estamos muito emocionados por todo o apoio que estamos recebendo das pessoas que simpatizam com a gente em toda a América Latina e apóiam as atitudes que tivemos durante a corrida, isso faz valer a pena virmos aqui e escrever toda semana.
Um grande abraço a todos.
Daniel e Carlinhos.

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